Poucos jogadores na história do esporte bretão conseguiram feito parecido com o deste galês de 37 anos. No Brasil, apenas o goleiro do São Paulo Rogério Ceni tem mais tempo de amor à camisa, e mesmo assim ganha por pouco.
Nesta quarta-feira (2/3), Ryan Giggs completou exatos 20 anos de Manchester United, e como se não bastasse, ao substituir o velho parceiro Paul Scholes aos 25 do segundo tempo contra o Chelsea, igualou o recorde de jogos pela Premier League que pertencia a Bobby Charlton, com 606 aparições.
Infelizmente para o meia, os Red Devils perderam esta partida de virada por 2 a 1, mas os Blues ainda lhe trazem boas lembranças como adversários. No dia em que quebrou outra marca histórica, a de atuações ao todo com a camisa do United (758, que também pertencia a Charlton), ganhou nos pênaltis a Liga dos Campeões da Europa de 2008, em Moscou. Uma partida que até hoje deixa saudades em Giggs por causa de um presente. "Naquela noite, Bobby (Charlton) me deu um relógio pelo recorde", lembrou em entrevista ao jornal The Guardian.
Ainda assim, mais marcante ainda para o galês foi o jogo do dia 02 de março de 1991. A estreia profissional de Giggs pelo Manchester United, em pleno Old Trafford, na derrota para o Everton por 2 a 0. Marcante, mas não "inesquecível".
"É esquisito porque não tenho memória alguma sobre aquele dia. Eu não sei o porquê – talvez pela coisa toda ter sido tão inesperada. Eu sei que entrei no lugar do Denis [Irwin]. Mas eu vi alguns 'flashes' do jogo alguns anos atrás e me lembro de pouca coisa", comentou ao site oficial do clube.
Já a primeira aparição no clássico da cidade é algo bem mais fácil de reviver. Alex Ferguson apostou em Giggs para começar de titular no primeiro derby contra o Manchester City. O jovem promissor de 17 anos agradeçeu com o gol da vitória. "Daquela partida contra os Citizens eu lembro bem porque, embora esperasse estar entre os relacionados, me surpreendi quando o técnico me disse que estava entre os onze titulares. Pensei que ficaria no banco", afirmou.
Os "Giggs do Brasil"
Rogério Ceni também jogou 20 anos só pelo São Paulo
Na história do Manchester United, os 20 anos seguidos de Ryan Giggs já se tornaram um fato inédito. Mas é algo incomum até em comparação aos grandes mitos dos clubes brasileiros. Só Rogério Ceni, eterna figura idolatrada no Tricolor paulista passou tanto tempo num mesmo time. Chegou a mesma marca do galês alguns meses antes, em setembro do ano passado.
Outros notáveis craques tupiniquins têm marcas parecidas, mas não em sequência ininterrupta. São os casos de Zico e Roberto Dinamite, recordistas dos rivais Flamengo e Vasco. O artilheiro, que hoje preside o time de São Januário, vestiu a camisa alvinegra por quase tanto tempo quanto Giggs (Veja os números abaixo). O mesmo para o Galinho de Quintino. Ambos, porém, se transferiram para clubes como Barcelona e Udinese, enquanto que o meia galês jamais saiu de Manchester.
O mesmo fato também atrapalhou o Rei do futebol. Pelé estreou como profissional em 1956, com impressionantes 1106 partidas com a camisa do Santos. Contudo, completou "apenas" 18 anos na Vila Belmiro, pois em 1974 se transferiu para o New York Cosmos (EUA). A "Enciclopédia" Nilton Santos só jogou pelo Botafogo, tal qual Giggs com os Red Devils. Só que a carreira do lateral não foi tão longa a ponto de superá-lo.
Recordistas dos Brasil
São Paulo - Rogério Ceni (958 jogos, desde 1990)
Flamengo - Zico (732 jogos, de 1967 a 1983, 1985 a 1989)
Vasco - Roberto Dinamite (955 jogos, de 1971 até 1979, de 1980 a 1989, de 1992 a 1993)
Corinthians - Wladimir (805 jogos, de 1972 ate 1987)
Palmeiras - Ademir da Guia (902 jogos, de 1961 a 1977 e 1984)
Fluminense - Castilho (702 jogos, de 1948 até 1964)
Botafogo - Nilton Santos (723 jogos, de 1948 a 1964)
Santos - Pelé (1106 jogos, de 1956 a 1974)
Números de Ryan Giggs
863 jogos pelo Manchester United (606 pela Premier League)
64 convocações pela seleção do País de Gales
170 gols (158 pelo Manchester, 12 pelo País de Gales)
11 títulos da Premier League
4 Copas da Inglaterra
2 Ligas dos Campeões da Europa
0 cartões vermelhos
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Pedro H. Tesch
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