Música - Distanciando-se do pop radiofônico, Fresno se reinventa em Cemitério das Boas Intenções

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

"Nós lançamos e já sabíamos que ia ser um choque para as pessoas", diz o vocalista Lucas Silveira sobre o EP, em entrevista àRolling Stone Brasil

Reprodução.

 

Cemitério das Boas Intenções pavimenta o caminho do Fresno em direção a um som mais pesado – mais alto até que no início da carreira –, e mais distante do pop radiofônico que, com músicas como "Alguém que te Faz Sorrir" e "Desde Quando Você se Foi", elevaram a banda ao público mainstream.

 

Muito dessa mudança de sonoridade em direção às rádios, ocorrida em Redenção (2008), segundo Lucas, foi dirigida por Bonadio. "Basicamente, existe uma disparidade de visões muito grande", reflete o músico. "A visão dele é: ‘Você tem que ter um disco, mas tem que ter essas músicas pra trabalhar na rádio’. Só que, a partir do momento que você começa a trabalhar pensando assim, você já não consegue mais fazer uma música espontânea”, diz Lucas, em tom de desabafo. “Você acaba tendo esse pensamento pra viabilizar tua carreira lá dentro, entendeu? Existe, realmente, essa ‘taxa de aceitação’: é o quanto tu cede para o mercado.

 

Tudo passava pelo Rick e as nossas coisas já não estavam mais agradando a ele. Ele disse: ‘Vocês querem sair? Então podem sair’. Já estávamos gravando essas músicas e no meio da gravação surgiu essa notícia de que a gente não estava mais lá [Universal Music], e isso gerou um ímpeto extra de deixar essas faixas ainda mais com a nossa cara. Nós lançamos e já sabíamos que ia ser um choque para as pessoas: mas um choque que agradou e fez muita gente voltar os olhos pra nós."

 

Outro incômodo para a banda dentro da Universal, nas palavras de Lucas, foi que a gravadora parou de financiar os projetos do Fresno. "Nos desligamos da Universal no meio do ano, quando tivemos uma reunião sobre um DVD que queríamos fazer e revelaram que a gravadora estava sem grana", ele afirma. "Teríamos que buscar parceiros e, se quiséssemos fazer por nós mesmos, poderíamos fazer. Pra gente, acho que é a melhor coisa que poderia ter acontecido. Queria que tivesse acontecido até há mais tempo, porque já estávamos fazendo quase tudo sozinhos."

 

Com muito mais peso e uma certa influência do rock industrial, o novo EP do Fresno é o queRevanche deveria ter sido, caso tivesse sido feito de maneira independente. "Foi todo mixado em casa, por mim e pelo Tavares [baixista da banda]", conta o músico. "Onde a gente pesou a mão dessa vez foi no teclado: toda vez que tem um riff pesado no disco, existe um teclado fazendo exatamente a mesma coisa que a guitarra e o baixo. Isso até deixa com a cara meio industrial."

 

 

 

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Bruno Raphael

http://rollingstone.com.br -

 

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Igor H. Mello (@_igormello)

@ClickSaoLeo

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