Cinema - O Discurso do Rei.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

De tudo que aconteceu no ano de 2010 para o cinema, pode-se dizer que pelo menos uma dessas coisas a crítica concorda totalmente: o ano foi uma grande decepção, tanto artisticamente, quanto tecnicamente. Reinaram as produções comerciais já batidas, remakes sem graça e continuações enfadonhas. Parecia que nada salvaria o ano. Após o ótimo filme “A Rede Social” contar a historia do jovem bilionário Mark Zuckenberg nas telonas, parecia que tudo se resumiria àquele filme em particular.

 

 

Mas eis que outras obras foram chegando ao cinema e na reta final foram ganhando espaço, como o excelente filme inglês “O discurso do rei”, que estreia essa semana no Brasil.

O filme conta a mais do que interessante história real do rei George VI (pai da rainha Elizabeth II), que sofria de gagueira e por isso não conseguia falar em público. Vários médicos e especialistas renomados da Inglaterra foram designados para tratar o problema de George, mas nenhum deles com sucesso. É então que sua esposa Elizabeth (ótima atuação de Helena Boham Carter, indicada ao Oscar de coadjuvante pelo papel) resolve mudar de foco e procura o terapeuta Lionel Logue (excelente atuação de Geofrey Rush, também indicado ao Oscar pelo papel), um tipo bastante peculiar e de métodos extremamente excêntricos.

 

A relação entre esses três personagens é contada de forma natural e conduz grande parte da trama. Ao saber que precisa assumir, a contragosto, a coroa real no lugar de seu irmão Edward (Guy Pearce), que abdica do trono para viver uma aventura amorosa tendo um país à beira de entrar numa nova guerra mundial, George se vê ainda mais inseguro com relação a seu problema e se entrega ao tratamento incomum de Logue. A relação entre o improvável rei e o estranho terapeuta dá origem a diversas situações, questionamentos e descobertas, constituindo a base mais forte e mais interessante de todo o filme.

 

 

Sendo assim, mostrar os desdobramentos dessa relação de forma plena e cuidadosa é algo que Tom Hooper consegue com maestria. Tudo é guiado com naturalidade, sem cortes excessivos, sem takes ousados, fotografia objetiva e movimentos de câmera discretos. Esse é, talvez, o grande mérito do filme: ser emocionante sem ser piegas, ser burocrático sem ser desinteressante, ser tocante sem ser forçado, ser sutilmente engraçado sem ser brega e ser dramático sem exageros, tudo isso bem ao gosto do jeitinho inglês linear de fazer cinema.

 

As 12 indicações e o favoritismo no Oscar são mais do que merecidos, bem como a premiadíssima atuação soberba de Colin Firth, entregue de corpo e alma ao papel, assumindo o rei George de forma tragicômica em toda suas nuances, gestos, fala e expressões.

 

 

A história por trás de um aparentemente simples discurso de um rei que não conseguia superar a gagueira mostra que o poder da palavra pode mudar um país, pode confortar um povo em seus mais difíceis momentos e pode trazer esperança, união e paz.

 

Crítica por: Luiz Antonio Ribeiro Gomes da Silva

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Pedro H. Tesch
@phtesch
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